A América está dividida há muito tempo... Demasiado tempo. Minhas andanças pelas Américas nesses últimos meses me transformaram. Eu me sinto menos como uma pessoa local e mais como um americano e devo isso aos senhores.
Creio que chegou a hora de pôr fim a fragmentações desnecessárias. A partir de 26 de maio, como SG da OEA, meu esforço será dedicado a fazer da OEA um instrumento útil aos interesses de todos os americanos, sejam eles do centro, do sul, do norte ou do Caribe.
A solidariedade será meu principal eixo de orientação.
Senhor Presidente do Quadragésimo Nono Período Extraordinário de Sessões da Assembleia Geral;
Ilustres Chanceleres;
Senhores Vice-Chanceleres;
Representantes Permanentes e membros das Missões junto à OEA aqui presentes;
Observadores Permanentes;
Funcionários da OEA;
Amigas e Amigos,
É com os senhores, como representantes dos povos das Américas, que assumo meu compromisso, é aos senhores que agradeço o voto de confiança em mim depositado. Em mim, encontrarão um lutador incansável pela unidade americana, mais preocupado em buscar soluções práticas e duradouras para os problemas da nossa região do que com a retórica e a estridência de declarações orientadas por uma ou outra ideologia.
Tenho a convicção de que a era de uma OEA discursiva, burocrática, afastada das preocupações dos povos americanos, ancorada nos paradigmas do passado, está definitivamente dando lugar a uma OEA do século XXI.
E isso ocorre como resultado das realidades de um mundo e de um Hemisfério multipolar.
Cabe a nós dar um empurrão de realismo na OEA e realizar, da melhor forma possível, aquilo que ninguém pode articular melhor do que esta Organização: um diálogo político com resultados tangíveis em áreas-chave para a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento integral das Américas.
Trata-se de um espaço único: não é a UNASUL, nem a CELAC, nem a CARICOM, nem o SICA, nem o MERCOSUL, nem o NAFTA, nem a Aliança do Pacífico. Abarca todos eles e a soma deverá ser maior do que as partes.
Não tenho interesse em ser o administrador da crise da OEA, mas, sim, o mediador da sua renovação.
Passei boa parte dos últimos oito meses dialogando com governos, com a sociedade civil e com o setor privado, e comprovei junto a eles que ainda há a esperança de que a OEA possa aproximar-se da nova realidade do Hemisfério e contribuir para garantir mais democracia, mais direitos, mais segurança e mais prosperidade para todos.
Para isso... ajustaremos as prioridades a esses objetivos estratégicos e manteremos tudo o que for essencial ao seu cumprimento; e o que for obsoleto ou suplementar será revisado.
No que se refere às iniciativas que anunciei como parte do programa de trabalho no mês passado, vou mantê-las, pois não se tratavam simplesmente de uma plataforma eleitoral de forma alguma.
A fim de levar esta agenda adiante, deveremos realinhar o orçamento com base nesses objetivos e dar início à reestruturação e modernização da Organização.
Nesse sentido, orientei aqueles que constituirão a minha equipe de transição a que comecem as tarefas de preparação das medidas correspondentes a essa agenda, inclusive a formação de uma comissão internacional de peritos que elabore recomendações sobre como ajustar o orçamento aos resultados e, assim, permear a Organização de uma cultura renovada.
Durante os próximos dois meses de transição, eu e meus colaboradores nos dedicaremos principalmente a escutar e saberemos escutar todos, desde os Embaixadores até os diretores, a Secretaria-Geral, passando pelos funcionários profissionais e administrativos, a sociedade civil e outros organismos. Todos.
Quero prestar reconhecimento ao trabalho de todos os funcionários desta Organização que contribuem para demonstrar que profissionalismo e resultados não são incompatíveis com o caráter político de uma organização como a OEA.
Senhora e Senhores Chanceleres,
Amigas e Amigos todos,
Meu olhar, no curto prazo, está dirigido à Cúpula das Américas, oportunidade histórica para avançar rumo a um Hemisfério sem exclusões, com a presença de Cuba no âmbito interamericano pela primeira vez em décadas.
Agradeço ao Secretário-Geral, José Miguel Insulza, e à sua equipe por haverem facilitado nossa atuação quando visitamos a sede da OEA, e certamente continuarão a fazê-lo durante a transição, até final de maio.
Por fim,
Gostaria de manifestar o meu mais profundo agradecimento ao Senador e ex-Presidente do Uruguai, José Mujica, que, na realidade, foi quem me deu o incentivo inicial e o apoio para continuar na carreira; ao atual Presidente do meu país, Tabaré Vázquez; ao Chanceler Nin Novoa; e aos meus colaboradores, que foram muitos, tantos que, se não cito nomes, é porque não daria tempo de fazê-lo.
Mais uma vez, obrigado pela confiança.
Aceito esta responsabilidade com a humildade de quem sabe que o êxito do meu trabalho somente será tangível se, ao final do meu mandato, pudermos dizer com certeza que a OEA colaborou para que mais americanos vivam em paz, com mais democracia, mais direitos humanos, mais segurança e mais prosperidade.
Obrigado.
Referencia: PG-002/15