Discursos

DEREK WALCOTT, PREMIO NOBEL DE LITERATURA
PALABRAS DE DEREK WALCOTT, PREMIO NOBEL DE LITERATURA, HABLA SOBRE "UNA AMÉRICA INTEGRADA: UNA PERSPECTIVA DEL CARIBE" EN LA CUARTA CÁTEDRA DE LAS AMÉRICAS. TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS PROPORCIONADA PELA UNIVERSIDAD DE SAN MARTÍN DE PORRES.

abril 12, 2005 - Washington, DC


Com os senhores o Presidente do Conselho Permanente da OEA Embaixador do Peru Alberto Borea Odría.

Boa tarde amigos da América, nesta ocasião nós temos um convidado muito especial, um convidado muito da nossa América, temos conosco o laureado com prêmio Nobel de Literatura de 1992, o Sr. Dereck Walcott. Ele traz uma visão nova e uma visão muito especial dos americanos que transcedem a fronteira e se convertem em personagens mundiais muito mais além dos limites que temos em cada um de nossos países. O New York Times, em 1990, já esclareceu com muita claridade que nenhum poeta pode realmente rivalizar com o Sr Walcott, no humor, na área de profundidade emocional e também na capacidade de inventividade, nem na linguagem de expressar seus pensamentos, os seus personagens e além disso levar ao leitor, fazer com que o leitor o siga, o acompanhe através de todas essas idéias que tem na sua mente. Para nós que conformamos um hemisfério variado, porém irmão, a presença de um professor que traz a visão da literatura, não somente no campo político mas fundamentalmente do campo cultural, é especialmente significativo. Os homens e as mulheres do continente que nos estão vendo em suas casas ou nas capitais e nos lugares mais longínquos de cada um desses países, os que estão nas faculdades de literatura nos lugares não muito centrais de nossa república, mas ao contrário até mesmo em lugares mais afastados vão ver na realidade o gênio de uma personalidade realmente importante no mundo em geral. Eu já dizia e, permitam-me dar um toque pessoal a esta discussão, quando disse ao meu filho que este artista, que era o Professor Walcott, que estaria conosco, hoje. Ele disse, vem ao fim de mês poque não pode deixar para o mês seguinte. Eu disse não é tão fácil, é quase impossível contar com o Professor Walcott aqui. E realmente temos muita sorte em tê-lo aqui. Professor Walcott é para a América uma grande honra tê-lo como um dos seus cidadões, é uma grande honra poder ouví-lo e para o Continente é um privilégio que o senhor esteja aqui falando nesta Cátedra das Américas. Muito obrigado pela sua presença e o senhor tem a palavra professor Walcott.
Sr. Walcott

Naturalmente, é uma grande honra para mim estar aqui. Quando fui convidado para fazer esta palestra eu estava sendo atormentado e procurando expressar a minha pessoa em pessoa. Eu não sou um pensador lógico, não sou um bom pensador eu felizmente sou um poeta. Isso no sentido de que, como poeta eu posso começar uma sentença querendo dizer uma coisa e quando chego ao fim da sentença já me contradisse a mim mesmo. Mas isso é algo que Walt Witman, a grande poeta americana, fazia a mesma coisa e se perguntava, bem quando eu me contradigo eu me contradigo a mim mesmo. Para fazer esta contradição diante de um órgão tão augusto de Embaixadores e outros é realmente até aterrorizador e ao mesmo tempo não é amedrontador porque evidentemente eles também são seres humanos o que quer dizer que nos cerne das resposabilidades diplomáticas ou de “embassadores” existe uma consciência e eu disse que se eu fosse fazer uma palestra deste tipo eu deveria escolher não falar em prosa onde eu poderia dizer coisas já previsíveis, falar sobre o futuro que está pela frente para todos ou o grande futuro que não existe para todos nós. Só existem duas versões desse aspecto e eu procuraria fazer alguma coisa no plano intermediário e portanto, o que eu vou agora a inflingir aos senhores é um poema, mas eu vou procurar fazer isso porque os poetas no século XX nem sempre são estimulados a dizer alguma coisa em verso sobre nada e ao mesmo tempo que nós temos que enfrentar no mundo, nós temos que lhe dar com a consciência, temos que lhe dar com a responsabilidade, e temos que lhe dar com a traição, a traição que impomos a nós mesmos as vezes sem intenção. Os horrores que tem ocorrido no século XX e parecem perpetuar-se no século XXI continuam e este órgão aqui, estes senhores que estão aqui presentes se preocupam com esses horrores, alguns impossíveis de imaginar, outros repetidos. Não cabe a mim fazer mais nada além do que o poeta sempre faz na sociedade. Um poeta escreveu una vez, que tudo o que o poeta pode fazer é alertar as pessoas, e eu não estou aqui para ser profético mas, ao mesmo tempo, numa outra sociedade, num lugar de honra como este poderia ser natural, que um poeta pudesse falar aos Embaixadores, políticos, senadores, em outras civilizações. Na nossa civilização esta voz é muda ou é confinada a revistas sobre o assunto, conferências raras mas o que eu vou ler é muito casual e eu vou ler em vez de, não vou fazer aqui um seminário literário, mas eu vou ler e vou procurar através dele explicar o que eu pretendia dizer nesta ocasião. Isso é sobre um homem que, sobre o qual eu não conheço muito, não é um trabalho de ficção, eu não sou novelista eu não conheco realmente quem é o meu personagem, eu sou um dramaturgo, mas nesta situação eu não sei quem ele é, eu não sei quem está falando, não estou certo sobre a sua biografia, tudo o que eu sei sobre ele é que ele parece trabalhar para UNESCO, uma dessas instituições grandes, e parece ter trabalhado no mundo acadêmico. Foi professor na universidade, uma de menor importância na Inglaterra, que tem grande afeição pelos poetas jacobianos. Após Sheakspeare, ele entra num negócio com um país do Terceiro Mundo, ele não é desonesto mas o que ele faz cria grande transtorno naquele país. Deixe-me agora dizer que para mim este poema foi um grande desafio porque o modelo dele foi uma novela de Grahan Greene ou Joan McCarey, um tipo de suspense político com resultado negativo mas a sua estrutura era um trabalho de ficção feito em verso e isso foi para mim muito desafiante.
A pessoa que é o personagem central é um indivíduo que tem um desejo de fazer o bem mas é limitado por circuntâncias, por conflitos com certas realidades, então ele faz um trato com um país do Terceiro Mundo, alguma coisa que envolvia tratores, eu não sei muito bem eu não estou ouvindo assim a história, eu estou me excluindo da situação, eu não sou participante, eu estou apenas ouvindo às escondidas, mas no cerne da história, quando eu comecei a escrevê-la e continuei a escrevê-la eu vi que eu estava entrando num tema muito vasto e este tema tinha a ver com o horror do século XX, do holocausto, e o fato de que o século XX serve de testemunha para a fome, a miséria, a doença e todas aquelas coisas que os senhores discutem nos seu escritórios todos os dias. Eu então senti que o pesonagem sobre o qual eu escrevia era um homem comum, não era um herói nem era um grande intelectual e aqui no epígrafo eu tirei o que dizia no livro de revelações e o que eu encontrei me causou grande transtorno, e é até difícil para mim dizê-lo agora, porque a última linha dizia os senhores não vêm o óleo nem o vinho, não ver o óleo e o vinho é bastante doloroso, o que quer dizer não disperdicem o óleo e o vinho, e então esta alerta é uma alerta que serve para todos, mas especialmente para aqueles que estão assumindo o poder não para aqueles que já estão exercendo cargos mas os que estão crescendo façam com que não disperdicem o óleo e o vinho. O título que eu usei eu mudei de um título de Thomas Nash sobre o Ano da Praga da Peste em Londres, chamado o “Viajante Maldito” e o meu título é o “Viajante Bendito”. Eu eu vejo que em alguns dos nossos países, eles passaram por grandes problemas e o nome desse indíviduo, desse poema é um que teve acesso a viagens, que pode viajar para todas essas reuniões, que foi a reuniões em vários lugares, que participou em volta da mesa, que fez declarações mas, que teve bastante sorte para sempre poder sair daqueles países que sofriam tanto. Como se uma pessoa visitasse um lugar onde há grande fome mas onde ele continuaria a consumir três refeições e tinha uma passagem de volta enquanto que outros tinham que ficar lá. Então essa passagem de volta é que o tornava um viajante bendito. E nós temos que compartilhar daquela pobreza, daquela miséria que vemos, esses desatres terríveis que presenciamos, desastres que são tão grandes para compreender e então um só dígito pode fazer, pode ser um problema para o nosso sofrimento. Isso serve de base para o fato de que essas organizacões que existem no século XX não têm compaixão, mas eles ficam sempre procurando saber o que é que um país pode contribuir para o bem-estar do mundo e o meu pesonagem neste poema está querendo fazer isso, mas ele comete um erro trágico de querer entrar num trato com um país somente, e uma coisa, envolvendo tratores mas ele está destinado a ser morto pelo inimigo que afeta aquele país, então a citação vem do livro de Revelações, como já disse, e o poema foi dedicado quando foi escrito a Susan Sontag que faleceu recentemente.
Eu ouvi uma voz entre as quatro bestas que diziam: uma medida de trigo por um centavo e três medidas de centeio por um centavo e estejam certos de que não vão disperdiçar o óleo e o vinho. Então isto seria uma espécie de monólogo onde eu seria a pessoa sobre quem se está escrevendo.
“Foi no inverno, as igrejas e as torres se congelavam com a neve como nos tetos da Europa eu combati com um homem no outro lado do canal e usando na lapela uma flor vermelha e no caixão quadrado, preso no meu punho, pequenos países apelavam procurando fórmulas no Banco Mundial, onde eu tinha escrito uma palavra só, Misericórdia. Eu sentei num banco frio e dois indivíduos, cujas peles preta já estavam ficando cinzentas a medida que envelheceram, falavam, usando um francês modificado, sobre o seu rio e então conseguindo falar um pouco sobre a antiga possibilidade da colheita, que já não mais existia, eu dei minha palavra. E um colega meu me perguntou porque o senhor está fazendo isso sua excelência, o senhor sabe que se nos trair não terá onde se esconder e então a fumaça nos envolveu com o seu tom escuro.
No início, isso serviu como motivo para esse homem fazer uma transação que achava que ia beneficiar o país mas que ia no fim desapontá-lo.
Na janela no Haití eu me lembrei de uma imagem de Greco, uma pintura de Greco na parede do hotel, a figura pedindo misericórdia “ Merci Messieur, Merci messieur”, que era uma relação à linguagem local O deserto aparecia como uma boca aberta, e aí nesse hemisfério milhões de outras pessoas na mesma situação em Somália, 750 mil os esqueletos enterrados numa areia trazida pela maré. Falava também, a imagem, sobre desastres, fome e massacres. E isso é algo que nós vemos nos jornais diários e nos acostumamos e, simplesmente, esquecemos quando ocorre em maior frequência mas acostumados, nós ficamos com o desastre e agora nós contamos os desastres numericamente, somente 50 mil pessoas morreram no Paquistão, e esse é o tipo de declaração à qual estamos acostumados e isso devido o acesso à imprensa, não porque não tenhamos mais sentimentos, mas já estamos acostumados com estes números, com estas cifras, já fazem parte do nosso café da manhã.
Nos encontramos em Bristol para concluir o acordo. Outra vez, as torres das igrejas cubertas por fog, os sinos das igrejas soando como se estivessem coberto sem algodão, o tempo servindo como cuspilhar as dores. O indíviduo quando viaja as vezes viaja de primeira classe e aqueles que tem mais sorte com um telescópio que examina pela sua saída menor a tristeza e o desastre e a iris que se entricheira no que está acontecendo no mundo como se fosse uma nuvem.
Voltando da sua visita para Londres, a viagem de Hitler para o meu apartamento, nós somos como se fossemos baratas nos armários, há pessoas vestidas e enfeitadas procurando táxis nas ruas com antenas e rodeados também por outras baratas, somos infectados pelo otimismo e quando ouvimos qualquer barulho, qualquer ameaça fugimos indo para Genebra, Bonn, Londres e nos campos de Hammerfest li a carta outra vez, mas não posso ver as nações chorando. Depois ouvimos o telefone dizendo pagaremos ao senhor em Bristol, e aí onde bebiamos o chá já gelado, os telefones perto do travesseiro ensaiando o êxtase da fome. Eu durante alguns dias quando pretendia ir ao país onde as pessoas estavam com fome ele entrava numa dieta passando fome para ver se conseguia entender o que é que a fome trazia âs pessoas para ver se isso melhoria o sentimento da sua responsabilidade . Eu estava agora ensaiando o êxtase da fome para o que eu tinha que fazer e não senti caridade. Encontrei a caridade finalmente procurando o início da história das comunidades reconstruidas pelos povos sagrados e com ferramentas movimentadas pela agua procurando sempre nas várias raças e povos uma concientização comum. Visitei uma Africa inundada pela mesma luz que fazia crescer o centeio e o trigo e influenciavam o nosso comportamento como depois semeei o Sahara com sementes e aí minha caridade fertilizou esta aridez. Qual é o meu campo? O fim do século XVI.
Eu falei sobre as ansiedades jacobianas, o diabo branco, as grandes lutas da época, amei a minha duquesa a sua alma a que viajava entre as árvores ondulantes no vento. Examinando tudo isso com a ferocidade de um rato, chamei, telefonei para eles e tomei o trem para Bristol e alí nos sete estuários os salários de Escariotes me esperava, eu então pensei, quem se importa que milhões morram de fome, as suas almas vao aliviar a Copa do Mundo, e saímos de madrugada pelo estuário e saimos da Inglaterra. A Inglaterra recebe aquelas criaturas outra vez e até mesmo as aves são atraidas pela sua órbita e então quando estava já bêbado, a Inglaterra era simplesmente um grande leão no mar Indigo.
Você tem tanta sorte que pode ver o mundo e na realidade senhor, sim, eu já vi o mundo. O mar bate nas escotilhas e então na grade do navio examinando o mar vendo a genoflexão dos insetos e cheirando de longe os lírios, ele aí chegou no lugar onde estava, onde viria se esconder, em alguma parte do Caribe.
Agora eu cheguei no lugar onde ele via os fantasmas, não tinha receio dos fantasmas, tem receio dos reais, as bênções das ilhas e que não são como a mordida da cobra nas árvores, as praias sujas e depois uma lagoa marron, até chegar à igreja de concreto e cercado pelas ondas e pela fumaça saindo das chaminês, faces negras molhadas pelo orvalho, orvalho que também cai sobre as folhas das árvores e das frutas, e que cai sobre a grama elefante.
Algum dia os rios viajarão pelo coração da escuridão, a escuridão não é a Africa mas está no centro do holocausto, o centro da tragédia, é um bisturí cortando as faces das crianças, os instrumentos.
Jacob nasceu, no seu último cartão me mandou estes versos. Pensem em um Deus, se as árvores começam a chorar. Então vendo a sua indiferença eu agora escrevo ad nominun. Depois de Dar Hau!, a camareira traz a luz e fecha as cortinas, aliás fecha as cortinas e o café da manhã já passou outra vez, se transformou em geléia.
Os promotores roncam, roncam como se fossem baléias, as baléias como se fossem Cristo, os carvões já se apagam, e a lagoa já está suja, as moscas fazendo o seu barulho como vindo dos mangues
E temos aqui uma delclaração de Nietzsche, Nietzsche que sempre dizia que Deus está morto. Desde que Deus está morto, e esses não são seus filhos, mas são apenas lâmpadas sulfúricas e é aí que nós podemos ver a certas tribus prestando homenagem diante da luz cerca da sua cama. Essas tribus não precisam saber que Deus morreu, eles continuam homenageando ele. Não levem a ele as notícias como se fossem vermes, os pobres, se os que estão morrendo de fome, como essas moscas, crecessem dos seus hombros e voassem para essas árvores como veriam a nossa justiça se comportando? Como vermes. Cuotas evitam que isso aconteça e eles continuam de servir como material para o livro de viagens
A lua está sempre cheia do gargalhar das crianças ou a agua, agua sempre como se estivessem vindo da fumaça de um grande fogo Sabemos que nós não queremos mais a face de uma só pessoa como não a julgamos mais importante do que as cinzas de Alexandria, cegos ignorando o trabalho do rio até que possamos cubrir com uma mortalha cada um que desaparece cada noite. Isso se espalha durante o cumprimento inteiro da praia e o que nós vimos balança os coqueiros e nós conseguimos descubrir finalmente Felipe, aonde estava Felipe, ontem eu disse a eles que eles estavam na cidade mas fui informado de que eles voltarão.
Os insetos destruirão Kansas, as formigas comerão a Rússia, os seus dentes ativos vão destruir tudo e a desolação da colheita seguirá e embora tenhamos um excedente de cereais, podemos ver o que sobrou dos campos de trigo, depois de comidos pelas pragas. No almoço eu tive uma conversa com um indivíduo, ele veio pela minha direita e me perguntou durante a conversa sobre a crença e o otimismo, foi uma conversa interessante, não como consolação mas como epifania.
Em relação ao que eu acabo de ler, nós tivemos esse sonho que foi descrito por uma mulher jovem e ela disse que teve essa visão, de que todos os pássaros do mundo estavam comendo no céu e eu não sei o que isso quis dizer. Eu geralmente não roubo a sonhos mas eu roubei esse e o seu nome é a estação das bestas fantasmagóricas e, ao contrário do que foi descrito no poema anterior, é aqui que essa absolvição vem ocorrer que esa epifania vem trazer uma certa satisfação. As nações do norte de aves levantaram as redes em dialetos importantes e levantram as sombras as sombras de torres e as sombras de uma planta fraca.
Numa janela da cidade, as aves que cantam e até que não haja mais estações só esta passagem da luz fantasmagórica que a sua sombra mais estreita no homem não poderá olhando para cima ver o que os animais fazem nessas cordas de prata emitindo sons pacíficos, cubrindo este mundo como a planta ou como a mae tremendo passa os olhos que tremem do seu filho tentando dormir. Isto é o que se verá no outubro amarelo sem saber que mudança trouxe isto com a luz amarela que rodeia o albor imenso e silencioso que cobre a cidades e os campos onde estão as aves. Isto é uma questão de acitação, de amor, pertence à aceitação. Algo mais brilhante do que a piedade que abre as janelas e buracos, levanta a rede das vozes silenciosas onde tudo trai o sol que cai. E esta estação durou um momento entre a escuridade e a luz entre a paz e a guerra., mas agora isto já durou demais.

Muito obrigado