Resumo da Sessão de 20 e 21 de abril de
1999
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE
SEGURANÇA HEMISFÉRICA |
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99
29 julho 1999
Original: inglês |
Resumo da sessão realizada em 20 e 21 de abril de 1999
A Comissão realizou uma sessão extraordinária com a participação
de peritos dos Estados membros, em 20 e 21 de abril de 1999, para considerar o parágrafo
dispositivo 15, alíneas b, e c, da resolução AG/RES. 1566 (XXVIII-O/98)
da Assembléia Geral, "Fortalecimento da confiança e da segurança nas
Américas", que dizem o seguinte:
"b) Analisar o significado, o alcance e as implicações dos
conceitos da segurança internacional no Hemisfério, com o propósito de desenvolver os
enfoques comuns mais apropriados que permitam examinar seus diversos aspectos, incluindo o
desarmamento e o controle de armanentos; e
c) Identificar as formas de revitalizar e fortalecer as instituições
do Sistema Interamericano relacionadas aos diversos aspectos da segurança
hemisférica."
O Presidente deu início ao estudo do tema descrevendo, em linhas
gerais, os diversos mandatos a serem considerados pela Comissão. As Delegações dos
seguintes países expressaram as posições e atividades de seus respectivos países
relacionadas com os assuntos de segurança dispostos no parágrafo dispositivo 15:
Antígua e Barbuda, Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,
Equador, Estados Unidos, Honduras, Jamaica, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.
A discussão incluiu, inter alia, os seguintes assuntos:
redefinição do conceito de segurança e das novas ameaças à segurança; papel
desempenhado pela OEA, pela Secretaria-Geral da OEA e pela Junta Interamericana de Defesa
(JID); fortalecimento da Comissão de Segurança Hemisférica; cooperação entre os
Estados membros para pôr em efeito antigas soluções de conflitos e respostas às
ameaças à segurança; e necessidade de mecanismos para manter a segurança a longo
prazo. A Comissão concordou com a declaração do Presidente de que as contribuições
feitas pelos Estados membros nesta sessão deveriam ser levadas em conta em futuras
discussões sobre este mandato. Para este fim, solicitou-se a todas as delegações que
submetessem à Secretaria-Geral, por escrito, suas respectivas apresentações realizadas
nesta sessão.1
A Delegação do Canadá apresentou o documento intitulado
"Documento canadense Assunto para pensar: Revisão do Sistema de
Segurança Hemisférica."2
O Presidente também informou a Comissão a respeito do Foro sobre a
Segurança Internacional no Hemisfério, realizado em 19 e 20 de abril de 1999, na OEA,
sob os auspícios da Missão Permanente do Chile e co-patrocinado pela Missão Permanente
dos Estados Unidos e pela Secretaria-Geral.
1. Estas exposições serão
publicadas como adendos a este resumo.
2. Publicado como adendo 1 a este resumo.
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE
SEGURANÇA HEMISFÉRICA |
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99 add. 1
29 julho 1999
Original: espanhol |
INTERVENÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS NA
REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
(Canadá)
"Elementos para a reflexão", do Canadá
Análise do sistema de segurança hemisférico
Washington, D.C.
19 de abril de 1999
- Introdução
A análise do sistema de segurança hemisférico que a Comissão de
Segurança Hemisférica da Organização dos Estados Americanos empreenderá surgiu da
Cúpula das Américas realizada em Santiago em 1998. O mandato que a Comissão recebeu de
levar a cabo a revisão lhe abriu um campo imenso de trabalho no tocante à abrangência
da análise e à natureza dos seus resultados.
Quanto as questões a serem tratadas no decorrer da análise, o Canadá
desejaria oferecer algumas reflexões à consideração dos membros da OEA no contexto da
discussão de assuntos relacionados com a segurança hemisférica a se realizar em
período posterior à análise.
Antecedentes: O que é o Sistema de Segurança Hemisférico?
Para fins de discussão, estabelecemos que o sistema de segurança
hemisférico compreende os seguintes documentos e instituições:
- Documentos
Identificamos três documentos básicos como núcleo do Sistema de
Segurança Hemisférico: o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR),
também conhecido como Tratado do Rio; a Carta da Organização dos Estados Americanos; e
o Tratado de Tlatelolco.
TIAR. Assinado em 1947, estabelece a defesa coletiva do Hemisfério: o
ataque a um de seus países pode ser considerado como um ataque a todos os demais. O termo
"ataque" é empregado de maneira ampla e compreende agressões que não são
ataques armados (por exemplo, a insurreição comunista). O Canadá e os países da
CARICOM não são membros do TIAR.
Carta da OEA. Assinada em 1948, reitera em grande parte a linguagem de
segurança do TIAR. Do ponto de vista técnico, a participação como membro do TIAR é
uma condição prévia para o ingresso como membro da OEA, mas o Canadá e os países da
CARICOM conseguiram isenções; no caso do Canadá, tratava-se de uma condição
específica e necessária para a sua integração ao organismo.
Tratado de Tlatelolco. O tratado estabelece que a América Latina é
uma zona livre de armas nucleares e foi assinado pela totalidade dos países (do México
até o sul) na década de 90.
Instituições e acordos
Organização dos Estados Americanos. A OEA estabeleceu em 1991 a
Comissão Especial de Segurança Hemisférica, que adquiriu caráter permanente em 1995. A
Comissão Especial constitui uma maneira sistemática e institucionalizada de tratar
questões de segurança, em comparação com as soluções ad hoc determinadas por
crises. O seu objetivo é o de estabelecer uma atmosfera que conduza aos processos de
fortalecimento da confiança e da segurança e à resolução de controvérsias pelos
meios diplomáticos. A Comissão de Segurança Hemisférica tem sido o veículo da maior
parte do trabalho realizado com vistas ao futuro na área de questões de segurança,
sobretudo por meio do processo de Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança.
Neste contexto, foram elaborados dois documentos decisivos que proporcionaram medidas de
fortalecimento da confiança e da segurança práticas, eficazes e comparativamente
econômicas, além de outros como a Convenção Interamericana contra a Fabricação e o
Tráfico Ilícitos de Armas de Fogo, Munições, Explosivos e Outros Materiais Correlatos.
A OEA promove igualmente atividades referentes a questões de segurança não tradicionais
(como a remoção de minas) mediante a Unidade para a Promoção da Democracia.
Junta Interamericana de Defesa. A JID foi criada em 1942 para planejar
a defesa do Hemisfério e coordenar a resistência à ameaça representada pelo Eixo.
Desempenha um papel de assessoramento (e, se necessário, de planejamento) na OEA e é
financiada por esta última com recursos provenientes das contribuições obrigatórias
(ou seja, todos os membros da OEA pagam pela JID em suas cotizações de membros, sejam
membros ou não da JID). Os delegados fazem parte das forças armadas da região: à sua
frente encontra-se sempre um oficial estadunidense (que depende dos Chefes do Estado Maior
Conjunto dos Estados Unidos), e está sediada em uma instalação militar norte-americana.
A JID não tem uma função de relação hierárquica com a OEA (e só é responsável
junto a ela no que diz respeito à aprovação do orçamento), mas realiza o trabalho de
remoção de minas e de catalogação de medidas de fortalecimento da confiança e da
segurança na região. O Canadá e a maioria dos países da CARICOM não são membros da
JID.
Colégio Interamericano de Defesa. Administrado pela JID, o Colégio
tem como missão a preparação de oficiais militares para ocupar cargos no sistema de
segurança hemisférico. A participação está aberta a todos os governos do Hemisfério
(com a exceção do de Cuba), sejam ou não membros da JID (o Canadá durante muitos anos
enviou estudantes ao Colégio). O Colégio Interamericano de Defesa tem sido uma
ferramenta útil no desenvolvimento de redes e possibilitou um amplo intercâmbio nas
questões das relações entre civis e militares e da cultura democrática.
Reunião Ministerial de Defesa das Américas. Iniciada em 1995 pelos
Estados Unidos, a Conferência proporciona um fórum para a discussão franca de questões
de segurança, reunindo os responsáveis civis pela formulação de políticas e os
oficiais militares superiores. Este organismo se reúne sem periodicidade fixa e, no
decurso do processo, os seus participantes desenvolveram um programa progressivo que
aborda a maior parte das questões de segurança de interesse imediato. Entre elas se
incluem questões "graves" de segurança, como o terrorismo ou o narcotráfico,
e questões "leves", como as relações entre civis e militares, o papel dos
militares na sociedade civil, os direito humanos e outros temas que antes eram
considerados tabus.
Conferência de Chefes de Serviços. Todos os anos, reúnem-se os
chefes de exército, marinha e aeronáutica para discutir problemas comuns. Estas
reuniões, além de seu valor militar, desempenham uma função politicamente útil de
fortalecimento da confiança e da segurança.
Componentes sub-regionais
Vários acordos sub-regionais contêm, pelo menos em parte, um elemento
referente à segurança. Entre os mais importantes estão os seguintes:/
Grupo do Rio. Compreende a maior parte dos países da América Latina e
foi criado para promover uma solução latino-americana para a crise de segurança da
América Central na década de 80. Tem-se demonstrado útil em seu caráter de órgão de
coordenação política e, com freqüência maior, no que diz respeito a questões alheias
ao campo da segurança.
Tratado de Segurança Democrática da América Central. O tratado
determina a reunião periódica de Ministros da Defesa, chefes de estado maior de defesa e
de agências de inteligência militar, bem como o estabelecimento de mecanismos de
cooperação para o controle de fronteiras e de esforços de cooperação destinados a
combater o tráfico de drogas, as ameaças ecológicas, os desastres naturais e o crime
internacional.
No Caribe Oriental estabeleceu-se o Sistema de Segurança Regional.
Este sistema é utilizado na coordenação do trabalho das forças de segurança da
região nas áreas dos desastres naturais, das medidas para neutralizar o narcotráfico e
das ameaças colocadas pelo crime internacional.
O acordo do Mercosul para a integração econômica do Cone Sul
proporcionou o ambiente para a produção de uma notável melhoria nos mecanismos de
segurança. Os exercícios conjuntos dos militares do Mercosul têm destacado os
benefícios consideráveis que derivam da cooperação econômica para o campo da
segurança.
- O objetivo: reunir as pessoas adequadas
Resta claro que na década passada a natureza dos problemas de
segurança enfrentados pelas nações do Hemisfério evoluiu de forma considerável. Nos
anos 40, época em que se estabeleceu a maior parte da arquitetura da segurança do
Hemisfério, a questão da defesa contra uma ameaça convencional proveniente do exterior
era a mais importante a juízo dos mandatários e chefes de governo. As dimensões de
segurança do TIAR, da OEA e da JID refletem as preocupações do momento.
Com a queda do muro de Berlim e a evolução de nossas sociedades no
passado recente, os problemas de segurança se tornaram mais difusos. Essas mudanças se
refletem no programa da última Reunião Ministerial de Defesa das Américas, realizada na
Colômbia em 1998. As discussões incluíram não apenas as questões de segurança
"graves" mais tradicionais, envolvendo as medidas de fortalecimento da
confiança e da segurança, questões referentes à luta contra o terrorismo e o
narcotráfico, mas também problemas "menos graves", como o papel dos militares
na sociedade civil, as relações entre civis e militares, e outros correlatos. Assistimos
a uma evolução dos problemas de "defesa" para os de "segurança".
Esta evolução não implica um declínio da importância ou
legitimidade das forças armadas da região no seio das sociedades civis. Muito pelo
contrário, as forças armadas devem desempenhar um papel importante e construtivo na
concepção, evolução e aplicação da política de segurança. Mas um dos desafios que
enfrentamos é o fato de que a natureza dos problemas de "segurança" está
mudando, de maneira que as questões envolvidas não são mais de jurisdição exclusiva
dos militares. Uma vez mais, para empregar o exemplo da Reunião Ministerial de Defesa das
Américas, numerosos pontos do programa, como o tráfico de drogas e as atividades de
combate ao terrorismo, são questões em cuja solução muitos dos militares da região
estão constitucionalmente proibidos de assumir a função de dirigente. Em muitos desses
casos, podem desempenhar um papel de apoio aos órgãos policiais (por exemplo), mas uma
das limitações do nosso sistema de segurança atual no Hemisfério consiste em que no
momento não existe uma estrutura na qual possamos reunir as pessoas adequadas ao redor de
uma mesa para discutir este conjunto novo e mais amplo de questões de segurança. Os
especialistas devem participar das discussões.
São quatro os elementos do Sistema de Segurança Hemisférico que
proporcionam tribunas para discussões regionais de políticas de segurança. Todos eles
têm pontos fortes e fracos:
- A Organização dos estados Americanos. A OEA, e em particular a sua Comissão
Permanente de Segurança Hemisférica, têm a vantagem de dispor de uma infra-estrutura
forte e de antecedentes estabelecidos em matéria de segurança (por exemplo, as duas
reuniões que se constituíram em marcos, a de Santiago em 1995 e a de San Salvador em
1998, sobre Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança e a Convenção sobre
a Transferência Ilícita de Pequenas Armas). Entre as suas outras vantagens estão a
participação quase universal em nível hemisférico e ter à sua disposição os
instrumentos para corrigir e acompanhar o curso de ação ao longo da implementação. O
seu ponto fraco é a inexistência de um vínculo político formal que inclua as
autoridades de defesa da região, pelo que se pode descrever o intercâmbio de
informações entre a OEA e os militares do Hemisfério como desigual.
- A Reunião Ministerial de Defesa das Américas. Este processo é o único que reúne os
Ministros de Defesa da região e os seus responsáveis políticos e militares. Este é o
seu inconveniente, pois, por incluir somente os Ministros de Defesa, o nível de
participação nas discussões sobre questões específicas é às vezes irregular, devido
ao fato de que as constituições dos países da região atribuem a seus militares
mandatos que variam amplamente. Muitos dos temas importantes tratados na Conferência são
de interesse considerável; mas os ministros reunidos não têm autoridade para decidir
sobre eles. Também existem preocupações sobre a continuidade do planejamento do
programa, que requer contínua consideração e reconsideração pelo processo da Reunião
Ministerial de Defesa das Américas.
- A Cúpula das Américas. A Cúpula tem a vantagem de imprimir um impulso político
importante a uma discussão fundamental de assuntos específicos. Mas a sua
infra-estrutura entre as reuniões não se orienta para a manutenção da atenção sobre
os temas de segurança, e os chefes de governo e de Estado não podem se permitir passar
tempo demais nas reuniões de cúpula para fazer a análise detalhada das várias
questões de que devem se ocupar.
- A Junta Interamericana de Defesa. A JID e o Colégio Interamericano de Defesa, dirigido
pela JID, facilitam o estabelecimento de redes, permitindo que os militares que enfrentam
diferentes problemas troquem experiências e aprendam dos demais. O seu principal
inconveniente, em nossa opinião, consiste na falta de um vínculo político formal com os
organismos civis. Em uma época em que as questões de segurança transcendem a
jurisdição exclusiva dos militares, achamos que este ponto é importante.
Estas quatro organizações pan-hemisféricas realizam um trabalho
importante e o fazem com competência. Mas nenhuma delas se orienta para o tipo de
consulta política e de coordenação entre civis e militares necessário para o
tratamento global e eficaz dos problemas de segurança que enfrentaremos no futuro.
Por isso, o Canadá gostaria de sugerir a nossos colegas hemisféricos
o estudo, no contexto da Análise da Segurança Hemisférica, de uma maneira de se
estabelecer uma estrutura flexível para a discussão, aproveitando idealmente a
arquitetura já estabelecida da Organização dos Estados Americanos, que permitiria a
discussão temática de questões de segurança. Não temos uma idéia preconcebida quanto
à forma que esta estrutura deve adotar (poder-se-ia, por exemplo, fazer com que o
processo da Reunião Ministerial de Defesa passasse a integrar as reuniões ministeriais
da OEA; poder-se-ia também institucionalizar a estrutura de informações entre a JID e a
OEA, fazendo-se com que JID administrasse o processo da Reunião Ministerial de Defesa).
Temos, contudo, algumas idéias sobre os princípios diretores dessa estrutura. Entre eles
podemos mencionar os seguintes:
- O reconhecimento explícito de que as autoridades de defesa da região são
responsáveis perante os governos de seus respectivos países.
- Com o objetivo de se estabelecer uma estrutura durável para a discussão das questões
de segurança, que tenha a flexibilidade de acomodar todas as mudanças que no futuro se
produzam na natureza e no alcance das questões de segurança, é necessário reconhecer
que se deverá levar em conta a sobreposição de jurisdições entre a segurança
nacional e os organismos de defesa e civis.
- A diversidade de atribuições de tarefas de defesa e segurança das constituições dos
países do Hemisfério requer que toda estrutura de discussão de questões de segurança
preveja a participação das autoridades tanto civis como militares, de acordo com o caso.
- Toda nova estrutura deverá proporcionar tanto um fórum de discussão de questões e
estratégias como um meio de divulgação das informações sobre essas questões às
autoridades correspondentes dentro dos países e entre eles.
- Em virtude do caráter global do quadro de seus membros, de sua ampla infra-estrutura,
de sua comprovada folha de serviços e de sua natureza flexível, a Comissão de
Segurança Hemisférica da OEA deverá servir como o primeiro ponto de coordenação para
a discussão da segurança hemisférica.
Estamos interessados em conhecer as idéias de nossos colegas
hemisféricos sobre este tema. No entanto, o essencial para nós é que esperamos que
surja uma estrutura bastante flexível para acomodar as preocupações constitucionais dos
Estados membros e permitir uma representação adequada. Devemos estar seguros de que
possibilitaremos a boa combinação de pessoas presentes na mesa para discutir as
questões de segurança e de políticas de segurança.
Anexo
Lista dos países membros de organizações sub-regionais
Grupo do Rio
Membros Permanentes:
Argentina |
Colômbia |
Paraguai |
Bolívia |
Equador |
Peru |
Brasil |
México |
Uruguai |
Chile |
Panamá |
Venezuela |
Membros Permanentes Rotativos:
CARICOM (Presidente)
América Central (Presidente)
Tratado de Segurança Democrática da América Central
Costa Rica |
El Salvador |
Nicarágua |
Honduras |
Guatemala |
Panamá |
Sistema de Segurança Regional do Caribe Oriental
Antígua e Barbuda Saint Kitts e Nevis
Barbados
Santa
Lúcia
Dominica
São
Vicente e Granadinas
Grenada
MERCOSUL
Membros Permanentes:
Argentina Brasil Paraguai Uruguai
Membros Associados:
Chile
Bolívia
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE SEGURANÇA HEMISFÉRICA
|
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99 add. 2
29 julho 1999
Original: espanhol |
INTERVENÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS DURANTE
A REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
(Jamaica)
COMISSÃO DE SEGURIDADE HEMISFÉRICA
REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
20 a 21 de abril de 1999
Vilma McNish, Ministra/Representante Suplente
Delegação da Jamaica
A Delegação da Jamaica gostaria de oferecer resumidamente as suas
reflexões e comentários sobre o alcance do atual cenário de segurança no Hemisfério.
Conforme nos foi dito nos últimos dois dias, a complexidade do que é
atualmente descrito como o novo panorama da segurança representa um desafio para a
definição de uma única abordagem conceptual à segurança hemisférica. A formulação
de novos conceitos de segurança é desafiada pelo fato de que os países do Hemisfério
freqüentemente não têm as mesmas preocupações de segurança. A agenda de segurança
inclui agora prioridades amplamente diferentes entre as sub-regiões e cada país. Embora
questões tradicionais relacionadas com a defesa militar continuem a ocupar lugar de
destaque em muitos países, não é o caso em outros nos quais as questões principais de
segurança abrangem ameaças ao bem-estar econômico, social, político e ambiental.
Fenômenos tais como o tráfico ilícito de drogas e armas de pequeno porte, atividades
criminosas transnacionais, imigração do terrorismo e degradação ambiental constam
agora claramente da agenda de segurança de muitos dos nossos Estados membros. Participam
também novos protagonistas, inclusive de natureza não-estatal.
De fato, esta abordagem abrangente e holística à segurança foi
reconhecida no mais alto nível político. Convém recordar que na Cúpula de Santiago os
nossos Chefes de Estado e Governo, ao tratarem do fortalecimento da confiança e
segurança entre os Estados, reconheceram os novos fatores políticos, econômicos,
sociais e estratégico-militares no panorama de segurança. Assim, uma parte importante do
Plano de Ação de Santiago fala de questões não-tradicionais tais como as
preocupações especiais de segurança dos pequenos Estados insulares, reconhecendo a
natureza multidimensional dessas preocupações. Destaca também os desastres naturais e
os esforços de assistência humanitária como parte desse contexto de segurança.
Portanto, é razoável que, na análise do significado, alcance e
implicações dos conceitos de segurança no Hemisfério, todas as variáveis sejam
incluídas na equação.
No que diz respeito aos mecanismos institucionais do Sistema
Interamericano relacionados com a segurança hemisférica, é opinião da minha
delegação que uma revisão dos acordos existentes já devia ter sido feita para testar a
sua validade. Tanto o Pacto de Bogotá sobre Solução Pacífica de Controvérsias como o
Tratado do Rio podem ter perdido a sua relevância e utilidade, tornando-se obsoletos.
Vários Estados membros, inclusive Estados da CARICOM, não são signatários do Tratado
do Rio. Apenas 13 Estados membros ratificaram o Pacto de Bogotá. É muito improvável que
estes dois instrumentos recebam qualquer reconhecimento ulterior. Conforme se expressou
recentemente o Embaixador Christopher Thomas, Secretário-Geral Adjunto, numa
apresentação ao Grupo de Trabalho Conjunto sobre Fortalecimento e Modernização da OEA,
esses dois instrumentos foram concebidos com um propósito cuja relevância tem aspecto
mais de história do que de questões prioritárias atuais do Hemisfério. Portanto,
precisamos questionar se as funções de segurança desses dois pilares, estruturadas para
proteger há mais de 50 anos, atendem às necessidades atuais dos membros da nossa
organização.
A Junta Interamericana de Defesa (JID) também precisa ser examinada.
Para seremos claros, a Jamaica considera com certa suspeita a existência e a operação
da JID, cujo propósito original desapareceu há muito tempo. Não creio que sejamos os
únicos a pensar assim. A participação da Junta não é universal. A maioria dos Estados
membros da CARICOM não são membros da JID. Isto levanta a questão da relevância de uma
instituição, supostamente de segurança, em sua relação com a OEA quando quase um
terço dos membros da OEA não tem participação ativa na Junta. Dada a dependência da
Junta de contribuições do orçamento da OEA, enquanto segundo observou a
Delegação do Canadá não dispõe de uma função de comunicação de políticas
além de um certo trabalho de remoção de minas e catalogação de CSBMs na região,
neste contexto é compreensível a nossa reticência com relação à Junta.
Quanto às Reuniões Ministeriais de Defesa, compartilhamos a opinião
de que esses foros oferecem uma oportunidade indispensável para as nossas autoridades se
reunirem no mais alto nível a fim de intercambiar opiniões sobre questões de
segurança. É especialmente gratificante a receptividade dos ministérios no tratamento
cada vez mais freqüente de questões não-tradicionais em suas agendas. A nosso ver, deve
ser reforçado o vínculo entre os Ministérios da Defesa e a OEA, por meio da Comissão
de Segurança Hemisférica (CSH).
No tocante à OEA e a seu papel na segurança hemisférica, dada a
universalidade de seus membros, seu trabalho pioneiro no fortalecimento das medidas de
confiança e segurança e de outras questões relacionadas com a segurança, por meio da
CSH, a OEA deve ser o ponto focal principal para coordenação e discussões sobre
segurança hemisférica. Ao mesmo tempo, devemos ter presente a existência de outros
mecanismos institucionais paralelos nos níveis regional e sub-regional.
A natureza polifacética das preocupações de segurança levanta a
questão de saber se a nossa reconceitualização pode ser unidimensional e se e como
podemos de fato unir os conceitos e definições de segurança. Talvez seja útil que a
Comissão, no cumprimento do seu mandato, examine se podemos definir uma abordagem comum e
de amplo alcance com a flexibilidade e capacidade inerentes de abraçar todos os diversos
aspectos da segurança.
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE SEGURANÇA HEMISFÉRICA
|
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99 add. 3
29 julho 1999
Original: espanhol |
INTERVENÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS DURANTE
A REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
(México)
INTERVENÇÃO DO EMBAIXADOR CLAUDE HELLER NA REUNIÃO DA
COMISSÃO DE SEGURANÇA HEMISFÉRICA
2 de abril de 1999
Introdução
Cumprindo o mandato da Assembléia Geral, estabelecido na sua
resolução 1566, os trabalhos desenvolvidos na Comissão de Segurança Hemisférica
deram-nos, sem dúvida, a oportunidade de apreciar o alcance dos conceitos de segurança
internacional existentes no Hemisfério.
Isso responde à proposta do Governo do México, expressa na
Assembléia Geral de Caracas, a respeito da necessidade de definir um conceito de
segurança coerente com as realidades políticas do Hemisfério.
O momento era especialmente propício em junho de 1998, uma vez que,
com a Segunda Conferência sobre Medidas de Fortalecimento da Confiança (São Salvador,
fevereiro de 1998), se completava um primeiro ciclo da nova experiência da OEA no
tratamento dos temas de segurança iniciada em 1991, em conseqüência da criação da
Comissão Especial sobre Segurança Hemisférica.
Um objetivo desta tarefa consistia em apreciar a evolução do
conceito, com base nas interpretações que surgem nos diversos Estados, nas experiências
regionais dos últimos anos e no debate teórico a respeito. Desde então, procura-se
identificar os elementos de um conceito de segurança comum de acordo com as realidades da
região, o que, por sua vez, deve permitir abordar a questão do âmbito institucional
apropriado da segurança e a sua eventual reforma.
Esta tarefa ainda não está concluída, embora se deva destacar o
aspecto positivo dos intercâmbios que temos feito em nossa Organização e em outros
foros, como a Reunião de Ministros de Defesa realizada em Cartagena em dezembro de 1998
ou o Seminário Regional sobre Minas Antipessoal que teve lugar no México em janeiro
deste ano.
Análise:
Segundo a perspectiva do Governo do México, a primeira constatação que se impõe
é a inexistência de um conceito de segurança comum, não tanto em função de a
definição do Tratado dO Rio ser inadequada e anacrônica, como de diversas percepções,
às vezes contraditórias, das preocupações de segurança de cada Estado.
- Em vez de uma concorrência entre conceitos acabados de segurança hemisférica, temos
múltiplas percepções sobre preocupações individuais que cada Estado, como resultado
de sua situação e do seu grau de desenvolvimento, qualifica como pertencentes ao âmbito
da segurança nacional.
- Em tais circunstâncias, é difícil estabelecer uma hierarquia, pois todas estas
preocupações de segurança são legítimas (desde as mais tradicionais até as que
incorporam as chamadas novas ameaças, inclusive as resultantes de fenômenos climáticos
e de desastres naturais) e existe evidentemente o risco de pretender alcançar um conceito
totalizador que não atenda aos requisitos dos Estados membros.
- Um elemento que convém reconhecer para situar os termos do debate e seus limites é que
as relações interamericanas se têm caracterizado por um profundo grau de assimetria com
capítulos pouco felizes para o fortalecimento da confiança e que hoje, quase uma década
depois do fim da guerra fria, conservam ainda ressaibos da confrontação ideológica
dessa época e isso será assim enquanto não se solucionar a questão da participação
de Cuba no foro regional por excelência e não se alcançar a plena coordenação de
relações entre todos os Estados da região.
- Com estes elementos como pano de fundo, vejamos agora as condições objetivas de
segurança de nosso Hemisfério ou em partes do mesmo.
- Em primeiro lugar, a criação e consolidação da primeira zona livre de armas
nucleares, consagrada no Tratado de Tlatelolco, o qual inspirou regimes semelhantes em
outras regiões. Inclusive Cuba assinou em 1995 esse instrumento jurídico, ficando
pendente a sua ratificação. A isso cumpre acrescentar que, no conjunto, os países do
Hemisfério são parte dos principais tratados multilaterais sobre a proibição de outras
armas de destruição de massa.
- Em segundo lugar, como fato particular positivo, a solução negociada de conflitos
armados em diversos países, o fim da concorrência militar entre alguns e o início de um
ambicioso esquema de integração, bem como a superação definitiva de controvérsias
bilaterais que se originavam em antigas disputas territoriais, constituíram o contexto
para a adoção de medidas de fortalecimento da confiança, algo impensável há apenas
alguns anos. Foi-se inclusive mais longe em matéria de transparência nas aquisições de
armas convencionais, ao tornar obrigatório e mais estrito o fornecimento de informação
ao Registro na matéria, com a próxima adoção de uma Convenção. No contexto
centro-americano, o fim dos conflitos deu lugar à renuncia à aquisição de armas
convencionais de tipo sofisticado e às tarefas de remoção de minas, destruição de
minas armazenadas e reabilitação de vítimas, com o apoio da comunidade hemisférica.
- Em terceiro lugar, a concertação de esquemas de cooperação para enfrentar fenômenos
de dimensão transnacional que, em determinadas circunstâncias, pode prejudicar a
segurança regional, como o tráfico ilícito de armas de fogo com a Convenção promovida
pelo México, a negociação do Mecanismo de Avaliação Multilateral no âmbito da CICAD
para alcançar a plena aplicação da Estratégia Antidrogas no Hemisfério e a criação
de uma instância adequada no âmbito do Conselho Permanente da Organização para o
intercâmbio de experiências sobre os esforços nacionais para reprimir os atos
terroristas.
- Apesar destes indubitáveis avanços, a segurança comum depende de que os interesses de
longo prazo de todos os países do Hemisfério sejam salvaguardados e promovidos.
- A confiança decorre, acima de qualquer acordo, do pleno respeito do Direito
Internacional. De fato, o próprio TIAR, o Tratado Americano de Soluções Pacíficas e a
Carta de nossa Organização foram concebidos como um conjunto de disposições que se
reforçam mutuamente "de forma a não permitir que controvérsia alguma entre os
Estados americanos possa ficar sem solução definitiva, dentro de um prazo
razoável." (Carta, artigo 27).
- O desenvolvimento econômico e, em primeiro lugar, a erradicação da pobreza extrema,
são um requisito da promoção e consolidação da democracia representativa, um dos
baluartes de nossa Organização.
- As instituições do Sistema Interamericano não têm faculdades residuais nem podem
exercer atribuições além das estabelecidas expressamente em seus instrumentos
constitutivos. A esse respeito, cumpre recordar que, segundo a Carta das Nações Unidas e
a Carta da OEA, não se aplicarão medidas coercitivas em virtude de acordos ou organismos
regionais sem a autorização do Conselho de Segurança. Preocupa ao meu Governo que
interpretações cada vez mais elásticas e flexíveis do Capítulo VIII da Carta das
Nações Unidas estabeleçam precedentes que diminuem a autoridade do Conselho de
Segurança, a quem os Estados confiam o monopólio do uso da força. Caso exista conflito
entre uma disposição de qualquer tratado e a Carta das Nações Unidas, prevalece esta
última.
- Instituições como o TIAR e a JID não correspondem atualmente aos critérios de
representatividade e legitimidade na comunidade hemisférica em seu conjunto, o que
ressalta a urgência de definir o seu futuro. No caso da JID, deveria ademais ser
transformada para que o seu modus operandi seja democrático e reflita a genuína
subordinação dos institutos armados em regimes democráticos ao poder civil. Isto
deveria conduzir necessariamente à redefinição da sua missão e à sua vinculação com
a OEA.
- O México não pode admitir que, por motivo da eficácia para fazer frente a fenômenos
multidimencionais de transcendência internacional, se promova a militarização do
Sistema Interamericano.
Conclusões:
Pertinência de prosseguir o debate.
- Conveniência de consolidar a Comissão de Segurança Hemisférica como o foro idôneo
de debate e negociação dos temas pertinentes, ao qual eventualmente sejam transferidos
os processos realizados fora da OEA, como resultado das Cúpulas das Américas (Reuniões
de Ministros de Defesa).
- Continuidade no tocante ao diálogo.
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE
SEGURANÇA HEMISFÉRICA |
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99 add. 4
29 julho 1999
Original: espanhol |
INTERVENÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS
NA REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
(Venezuela)
INTERVENÇÃO DA DELEGAÇÃO DA VENEZUELA NA
REUNIÃO DE PERITOS DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS PARA ANALISAR O SIGNIFICADO, A
ABRANGÊNCIA E AS IMPLICAÇÕES DOS CONCEITOS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL NO HEMISFÉRIO
Washington, 20 e 21 de abril de 1999
Senhor Presidente:
Nesta sessão especial da Comissão de Segurança Hemisférica,
iniciaremos a tarefa, traçada pelos Chefes de Estado e de Governo das Américas na
Cúpula de Santiago, de
"Analisar o significado, a abrangência e as implicações dos
conceitos de segurança internacional no Hemisfério, com o propósito de desenvolver os
enfoques comuns mais apropriados que permitam examinar seus diversos aspectos."
O processo que hoje iniciamos não é um fim em si mesmo, mas um meio para se alcançar
um outro objetivo superior, requerido pelos mandatários das Américas:
"Revitalizar e fortalecer as instituições do Sistema
Interamericano, considerando os novos fatores políticos, econômicos, sociais e
estratégico-militares no Hemisfério e em suas sub-regiões."
No início deste exercício, cabe estabelecermos qual será a
metodologia mais adequada à consecução do fim que perseguimos. No nosso caso, somos a
favor de um método indutivo, cuja aplicação nos levará a examinar as mudanças
ocorridas na realidade da segurança hemisférica nos últimos anos, constatar as diversas
ênfases e realizações nacionais e sub-regionais, determinar os elementos comuns e
finalmente fixar em definições generalizantes, aceitáveis para todos os países, os
enfoques comuns mais apropriados que permitam abordar os diversos aspectos da segurança
hemisférica.
Seguindo este método indutivo, devemos avaliar onde estamos,
identificando as novas realidades que caracterizam o panorama da segurança hemisférica,
em seguida estabelecer os princípios sobre os quais basearemos a nossa análise e
culminar o trabalho com a entrega a nossas autoridades nacionais máximas de propostas
concretas, precisas, que permitam a renovação das instituições regionais de segurança
coletiva.
Um dos resultados deste processo, que se deve caracterizar pela
transparência, pela consulta e pelo diálogo permanente, será a obtenção do consenso
em torno das novas definições dos termos que fazem parte da vocabulário da segurança
regional.
Examinaremos antes de tudo as circunstâncias que caracterizam a
situação das Américas na área da segurança coletiva:
I. NOVAS REALIDADES NO CAMPO DA SEGURANÇA HEMISFÉRICA
- Na década de 90, as tensões entre os países cederam lugar a um processo crescente de
integração regional, cujas expressões mais visíveis são o desenvolvimento da NAFTA e
o fortalecimento do MERCOSUL, da Comunidade Andina de Nações e da CARICOM. A expressão
mais comovedora do esforço regional na solução de conflitos foi a assinatura do Acordo
de Paz entre o Equador e o Peru. Igualmente importante é o fato de que as tensões que
caracterizaram as relações entre alguns países da América Central na década de 80
diminuíram até praticamente desaparecer.
- A criação ou o fortalecimento, segundo o caso, de tratados, sistemas ou mecanismos
sub-regionais de segurança, como o Tratado Amplo de Segurança Democrática na América
Central, o Sistema de Segurança Regional do Caribe Oriental e o mecanismo de consultas do
MERCOSUL. Também constatamos inserções extra-regionais, como no caso da Argentina, que
o seu próprio Ministro da Defesa qualificava recentemente como sócio da OTAN no
Atlântico Sul.
- A criação ou o fortalecimento de instituições ou mecanismos regionais de diálogo,
concertação e cooperação de alto nível militar, como as Conferências de Ministros de
Defesa das Américas, três das quais já foram realizadas, havendo o compromisso de
realização de uma quarta, e as reuniões regionais anuais de Comandantes de Exércitos,
Marinhas e Aeronáuticas.
- A assinatura, no âmbito da OEA, de acordos vinculantes na área da segurança regional,
como a Convenção Interamericana contra a Fabricação e o Tráfico Ilícitos de Armas de
Fogo, Munições, Explosivos e Outros Materiais Correlatos e a Convenção Interamericana
sobre a Transparência nas Aquisições de Armas Convencionais.
- O desenvolvimento de um processo de identificação e aplicação de medidas de
fortalecimento da confiança mútua no âmbito das Conferências Regionais de Santiago e
San Salvador sobre Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança.
- O impulso a programas humanitários que têm, como um de seus efeitos positivos, a
promoção da cooperação entre as Forças Armadas de diversos países, como acontece na
área de prevenção e assistência em casos de desastres naturais e como é o caso do
Programa de Assistência à Remoção de Minas na América Central, que reúne oficiais
militares da Argentina, do Brasil, da Colômbia, da Guatemala, de Honduras e da Venezuela.
- A incorporação dos Estados do Caribe ao processo hemisférico de reflexão sobre os
temas de segurança, abrindo a possibilidade ao restante dos países da região de
aprender com as suas experiências e oferecer-lhes cooperação.
Depois da exposição esquemática das circunstâncias que caracterizam
o panorama da segurança regional, passemos agora aos fundamentos ou pressupostos básicos
sobre que convém alicerçar o exercício que deve ter como meta final a atualização das
instituições da segurança das Américas.
- PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PROCESSO DE RENOVAÇÃO DOS CONCEITOS DE SEGURANÇA HEMISFÉRICA
- A vigência dos princípios de soberania e não-intervenção, cuja valorização nos
levará a descartar qualquer tentativa de avaliação de um país por outro ou por
organizações multilaterais, ou de acompanhamento e análise coletiva de crises
nacionais.
A consideração das Forças Armadas como instituições
fundamentais para nossos países. No caso da Venezuela, as Forças Armadas se encontram
presentes na própria constituição de nossa nacionalidade e são parte fundamental de
nossa história e nosso ser nacional.
O objetivo permanente de incrementar a cooperação, a consulta e a confiança mútua
entre os países do Hemisfério.
A transparência em matéria de gastos militares.
O desenvolvimento de conceitos amplos no campo da segurança hemisférica, não
restritos à segurança militar.
A solução pacífica de controvérsias.
Como conclusão, desejo lembrar que a harmonia e a paz regionais estão
estreitamente relacionadas com a estabilidade interna de cada um dos países do
Hemisfério. Por isso, se quisermos manter a paz na América Latina e no Caribe, teremos
que resolver o problema da pobreza crítica, não apenas porque isto constitui uma
obrigação moral fundamental, mas ainda porque a pobreza de nossos povos é o principal
fator de desestabilização no continente.
Naturalmente, não estamos propondo que se considere o problema da
pobreza crítica na Comissão de Segurança Hemisférica da OEA ou que o tema faça parte
da agenda da segurança regional. Mas cremos que, dada a interdependência de todos os
temas da agenda hemisférica, a reflexão sobre segurança coletiva deve ter presente a
pobreza crítica como fator que enfraquece a democracia e alimenta os conflitos. Obrigado,
Senhor Presidente.
Washington, 21 de abril de 1999.
CONSELHO PERMANENTE DA
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
COMISSÃO DE
SEGURANÇA HEMISFÉRICA |
OEA/Ser.G
CP/CSH/SA.68/99 add. 5
17 novembro 1999
Original: espanhol |
INTERVENÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS
NA REUNIÃO ESPECIAL SOBRE CONCEITOS DE SEGURANÇA
(Estados Unidos)
INTERVENÇÃO DO EMBAIXADOR VICTOR MARRERO
REPRESENTANTE PERMANENTE JUNTO À OEA
NA REUNIÃO DA COMISSÃO DE SEGURANÇA HEMISFÉRICA
20 DE ABRIL DE 1999
MELHORAMENTO DA SEGURANÇA HEMISFÉRICA NAS AMÉRICAS
As nações do Hemisfério Ocidental estão se tornando cada vez mais
interdependentes e integradas. O processo das Cúpulas das Américas se alicerça na
determinação dos líderes de promover laços mais estreitos de cooperação. As
organizações regionais, como a OEA, facilitam o intercâmbio e a cooperação política,
social e econômica numa gama cada vez mais ampla de atividades. Estão em curso
negociações para a criação de uma Área de Livre Comércio das Américas até o ano
2005. As organizações sub-regionais como o MERCOSUL, a CARICOM, o Pacto Andino, o
Mercado Comum Centro Americano e o NAFTA, facilitam a cooperação comercial e, em alguns
casos, a cooperação política.
A fim de complementar e apoiar o progresso já alcançado em matéria
de cooperação hemisférica, o Sistema Interamericano necessita de mecanismos de
segurança coletiva e de instrumentos de prevenção de conflitos. Tais mecanismos
fortaleceriam os compromissos já assumidos com vistas à segurança coletiva e tenderiam
a facilitar respostas multilaterais às questões de segurança comum. Uma abordagem
moderna da segurança hemisférica deve preencher três funções:
- propiciar, aos Estados membros que a solicitarem, assistência em matéria de mecanismos
de detecção e alerta, solução de conflitos e fortalecimento dos mecanismos de
prevenção de conflitos;
- facilitar uma resposta apropriada quando os Estados membros solicitarem assistência da
comunidade hemisférica para enfrentar ameaças ao governo, provenientes de tensões entre
Estados; e
- organizar respostas cooperativas e multilaterais a ameaças à segurança transnacional.
PREVENÇÃO E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
Prevenção e solução de conflitos deve incluir as seguintes
atividades: 1) solução pacífica de disputas de fronteiras e de territórios que ainda
existem entre Estados; 2) prevenção do acúmulo desestabilizador de armas convencionais
e da proliferação de armas de destruição em massa; 3) prevenção da disseminação de
armas ilícitas; 4) criação de mecanismos de detecção e alerta e de solução de
conflitos, como, por exemplo, um centro para prevenção de conflitos e gestão de crises;
5) prosseguimento com as Medidas de Fortalecimento da Confiança e da Segurança (CSBMs)
delineadas no Plano de Ação da Cúpula de Santiago e nas Declarações de Santiago e de
San Salvador, inclusive a transparência nas aquisições e orçamentos militares.
AMEAÇAS AOS GOVERNOS
A comunidade hemisférica deve conceber uma resposta adequada em
matéria de segurança no caso de ameaças aos governos, resultantes de tensões entre
Estados. Esse sistema deveria ser capaz de organizar respostas multilaterais e
colaborativas para que um Estado que solicitar tal assistência possa enfrentar essas
ameaças. As respostas devem propiciar mecanismos para prever ameaças e empreender
ações para evitá-las, antes que elas gerem conflitos entre Estados.
RESPOSTA A AMEAÇAS TRANSNACIONAIS
O atual sistema interamericano de segurança foi concebido para reagir
a ameaças provenientes de fora do Hemisfério. No entanto, há certas ameaças à
segurança que se originam na própria região, que somente podem ser enfrentadas
eficazmente por meio da cooperação multilateral. Ameaças transnacionais,
não-tradicionais, como o terrorismo, o narcotráfico, os desastres naturais, os desastres
ambientais, o crime organizado transnacional e a imigração ilegal exigem respostas
multilaterais por parte dos governos.
Essas ameaças modernas são problemas multifacetados, que exigem
respostas igualmente multifacetadas por parte de diferentes organizações nacionais,
dependendo da natureza e da gravidade da ameaça. Faz-se necessária uma comunicação
eficaz entre os governos nacionais para reagir adequadamente e para aumentar as
capacidades para ação conjunta e combinada. Em muitos casos, a resposta da região
poderá exigir ações tanto do setor civil como do militar, segundo os governos o
determinarem. Uma cooperação multilateral eficaz requer formação conjunta,
profissionalização das forças de segurança e um certo nível de interoperacionalidade
entre órgãos governamentais congêneres.
CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS
Duas considerações fundamentais devem ser levadas em conta na
concepção de um sistema moderno de segurança hemisférica:
- A capacidade de reagir às ameaças transnacionais requer uma modernização racional da
defesa e melhor interoperacionalidade entre as forças de segurança, a fim de facilitar
operações multilaterais. Igualmente crucial é uma coordenação maior nos níveis
nacional e regional.
- A resposta coletiva da comunidade hemisférica deve sempre apoiar, mediante
solicitação, quaisquer esforços de grupos sub-regionais para enfrentar ameaças à
segurança e fortalecer suas capacidades para reagir a tais ameaças. Além disso, os
Estados do Hemisfério devem poder contar com os instrumentos de detecção e alerta e de
prevenção e solução de conflitos.
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