Discurso do Senhor Ministro de Estado das Relações Washington, 21 de setembro de 2001. Estamos todos confrontados com urna ameaça direta à seguranga hemisférica. Não se trata apenas de externar condolências ou oferecer palavras de consolo a um pais amigo por eventos trágicos. Os Estados Unidos da América não foram os únicos a sofrer com os ataques terroristas do dia 11 de setembro. Todos nos sentimos atacados. Todos fomos atingidos. 0 mundo não é o mesmo desde aquela manhã de terça-feira. Nosso hemisfério não é mais o mesmo. Com amplo respaldo dos demais Estados-partes, meu país, o Brasil, tomou a iniciativa de invocar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca porque a excepcional gravidade dos ataques, e a discussão de seus desdobramentos, justificam o recurso ao nosso mecanismo hemisférico de segurança coletiva. As mais de cinco décadas decorridas desde a assinatura do TIAR não lhe retiram a validade. Lembro aqui a intervenção do então chanceler brasileiro San Tiago Dantas, na reunião de 1962 do Órgão de Consulta do Tratado, quando observou que a vitalidade do sistema interamericano está na "capacidade de resolver e superar problemas através de soluções construtivas, em que se sinta a presença de uma comunhão de idéias e de uma soma de forças para alcançar urn o objetivo esperado por todos". Hoje, a invocação do TIAR, reflete essa comunhão de idéias. 0 objetivo visado por todos é a intensificação da cooperação hemisférica para fazer frente à ameaça terrorista, é a determinação de ir das palavras, à ação solidária para assegurar a verdade e a justiça. Em outubro de 1962, o TIAR foi invocado para manter fora do hemisfério a ameaça dos mísseis nucleares. Agora, a ameaça contra a qual estamos unidos é a do terrorismo internacional. No âmbito multilateral mais abrangente, o Conselho de Segurança e a Assembléia Geral das Nações Unidas, com o total apoio do Brasil, já se pronunciaram sobre os eventos de 11 de setembro. No plano regional, o TIAR nos dá o marco jurídico adequado para a discussão franca e a definição de linhas de ação comuns. Não p ara uma guerra imposta - o próprio Tratado estipula que nenhum Estado será obrigado a usar suas forças armadas sem seu consentimento -, mas para permitir que cada um de nossos paises, dentro de sua capacidade e dos meios de que dispõe, encontre a melhor maneira de contribuir para o esforço comum na luta contra o terrorismo, seus responsáveis e aqueles que os abrigam e patrocinam.Não apenas para a reiteração da solidariedade hemisférica diante da agressão criminosa de que um de nossos paises foi vítima, mas também para assegurar que, no combate a ameaças externas, os paises das Américas tenham sempre presentes os valores compartilhados que estão na base do sistema interamericano: democracia, diversidade, tolerância, direitos humanos, repúdio ao racismo e à xenofobia, respeito às liberdades individuais e ao valor intrinseco da vida humana. 0 repúdio ao terrorismo, lado a lado com o repúdio ao racismo, está consagrado na Constituição brasileira como um dos principios que regem as relações internacionais do Pais. Ao renovar ao povo e ao governo dos Estados Unidos da América nossa irrestrita solidariedade nesta hora de provação, o Brasil está convencido de que as deliberações deste órgão de consulta contribuirão para nortear, com sabedoria e prudência, os esforços concertados de nossos paises para livrar as Américas da ameaça do terrorismo e, assim, aproximar-nos dos objetivos comuns da segurança e da paz no hemisfério. Muito obrigado.
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